07/09/2006

As coisas acontecem...
E como de um distante incidente, tudo toma forma, e um rosto aparece onde nada poderia haver. O teu. Com essa impressão de leveza, uma grande mentira. E tuas mãos, tuas linhas, e teu sorriso que não recordo. Teu corpo que não recubro, mais. O sonhar que não recupera a agonia do meu dia. Vamos-nos rever? Todo o tempo parece que não. E apenas quando entras sem bater (em meu corpo) e a penas consigo olhar é que percebo que não adianta. Meu deus, estás por todo lugar! Estás em qualquer olhar que segura as lágrimas, em cada perfil oblíquo, em todo sorriso carregado de tristeza. Estás em todos os meus lugares! Falas comigo quando menos espero, e me encontro, entre mim, ânsia e horror, te buscando e te repelindo. Não posso viver sem você. Não posso viver com você. Não posso viver. Não posso... não? Não consigo parar de viver tanto. Tenho medo de machucar quem amo. Te digo, vá embora, some daqui!, por favor, tira teu cheiro doce do meu nariz. Sai dos meus olhos mesmo fechados. Deixe que eu fique tranquilo. Só não me deixe sozinho; é quando mais tenho tua presença. Impregnado. Estou impregnado dessa minha vida de pensar. Pensar você... pensar você... pensar você... sinto que é você minha ilusão necessária. O fantasma que preenche meus pulmões, mantendo-me vivo. Mantendo-me vivo matando-me. Droga... manténs-me vivo.